sábado, 19 de março de 2011

Querido diário.

Ai, inconstância maldita! Dá pra me deixar um pouco em paz?

Acho que cansei da vida real. Tenho saudade dos meus tempos de sonho, onde ansiava sentir dores com motivos concretos e felicidades palpáveis.
Eis-me aqui, em plena vida real, cansada dela. Desiludida. Quero voltar a sonhar o dia inteiro, quero voltar a ser capaz de me abster da realidade. Quero me sentir acompanhada mesmo quando sozinha e não me sentir sozinha em meio à multidão, como tem sido.

Tenho tristeza. Vontade de ficar sozinha. Vontade de por a culpa da minha tristeza em alguém mas... Quem? Alguém se habilita a me emprestar os ouvidos e passar umas horas me escutando a reclamar, reclamar, reclamar? Estou disposta a pagar, se for o caso.
Quanta bobagem... Nem eu mesma acredito que isso resolveria alguma coisa. Mais uma vez, é só o maldito tempo atravancando meu caminho para a felicidade.
Eu vou ficar mal até a tristeza acabar, e depois ficar bem de novo, receosa de voltar a tristeza, receosa como estive há um dia atrás, quando estava plena. Queria pular essa etapa e ir direto para a felicidade. Mas tá difícil, viu.

Não sou a princesa na torre do castelo. Nem Eric nem Peter Pan vão vir me buscar.
E se viessem, recusaria, confesso.

Estou trancada. Trancada por mim. Engaiolada. Como um pássaro. Asas pra quê, entre essas grades que me guardam? Pelo menos canto. De modo que essa é a única parte de mim que é livre pra fazer o que bem quiser.
Ah, minha voz... Que agora tem ânsia de gritar à plenos pulmões palavras sem sentido, urrar do topo de uma montanha e se jogar de lá, só pra ver quem a resgataria.
Minha voz que, como eu, se encontra presa. Lutando contra um nó que há na garganta pra ressoar, mas não consegue, de frágil que é.

Quero dormir, dormir, dormir, até a dor passar.

Sabe o que é o pior? Sei que se eu sair daqui e for ver um filme, ou ler um livro, ou escrever algo um pouco mais sadio vou me sentir melhor, na base da insistência.
Mas minha burrice parece ter preguiça de se sentir bem logo, e cede à porra da tristeza, com todas as suas dores chatinhas como aquela chuva que não sabe nem molhar direito.

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