quinta-feira, 5 de maio de 2011

Zanni

O bobo da corte
Cultiva seus cortes
Marcas reais
Da fictícia morte

Que ele inventou
Pra tentar ver graça
No roteiro da "sombra que passa"
Que recebera pra encenar

Porque o bobo é tão bobo que acredita
Que a vida fica um pouco mais bonita
Se tem tristeza com poesia,
Música boa de cantar

E por isso
Na poesia mora o bobo
Buscando sem paz
Um sentimento novo

Uma ínfima alegria
Que lhe tire o juízo
Um simples sentir-se amado
Que é padecer no paraíso

Mesmo que depois se acabe,
E vire canção bem lenta,
Tristeza que se aguenta
Temendo que vire dor

Ai, cada vez
Que uma tristeza vira dor
Cria história tão amargas
De dar ódio em quem amou

Mas, ai, quando a tristeza é bonita
Faz de uma alma tão aflita
- como a do bobo -
O próprio amor

Um comentário: