sábado, 9 de abril de 2011

Aquilo tudo.

Ela desejara uma droga que a fizesse esquecer aquilo tudo. Desejara voltar no tempo pra fazer tudo diferente. Não se arrependia por completo, mas aquela dor a fazia repensar se aquilo tudo valera à pena. Forçou-se a pensar em outras coisas. De vez em quando uma ou outra música fazia aquilo tudo vir à tona e caíam-lhe lágrimas, mas ela seguia - como havia de ser. Até que de tanto forçar-se a reerguer a cabeça, a cabeça se acostumara à nova postura instituída, e se punha erguida automaticamente. Uma ou outra música não deixava de despertar-lhe lembranças, mas lembranças que passaram a ocupar tão somente a gaveta de memórias da menina, bem fechadinha dentro do coração grande que tinha, e que enfim perdera o hábito de maltratar. A vida sabe dos caminhos que nos oferece - concluiu - e tudo tem uma razão de ser.

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