quarta-feira, 30 de março de 2011

Oi, tudo bem?

Tudo bem se no escuro da tua ausência e no frio da tristeza que ela causa eu sussurrar baixinho "meu amor" com teu rosto desenhado na minha cabeça, só pra fingir que acredito que você talvez possa (cor)responder? Ignorando as milhas de não reciprocidade que nos separam, acreditando que eu te tenho só pra poder dormir? Tudo bem se eu te exagerar e distorcer? Tudo bem se eu disser o que penso? Tudo bem se eu às vezes desejar uma distância total ao invés desse elo fortefrágil que nos une (e que eu sinto enfraquecer a cada tristeza tua ou minha)? Tudo bem se eu trancar a vontade e a contra-vontade em mim, e pisoteá-las até que elas morram? Tudo bem se eu desejar que elas morram antes que me matem? Tudo bem se eu gostar só de mim, e nada de você? Tudo bem comigo se eu te arrancar de mim? Não, nunca está tudo bem. Nem tudo mal. Quando se pergunta a alguém tomado pelo desespero e a resposta vem em lágrimas que insinuam que nada está bem, ou a alguém tomado pelo entusiasmo e a resposta vem no brilho do olho que grita que o mundo é perfeito. Mas nunca é tudo verdade. Nunca é igual pra sempre. "Nunca mais" é um conforto masoquista que nunca chega. Nunca vai estar tudo bem, mesmo com você na minha vida. Nunca vai estar tudo mal, mesmo sem você. Mas eu continuo te usando de pretexto para transformar um redemoinho de sentimentos em palavras. Te amar, eu sei que amo pra sempre. "Mas sempre não é todo dia".

terça-feira, 22 de março de 2011

Mais um texto pra você.

Que te amar é natural, já é sabido.
Mas te amar voltou a ser leve e o ciúme voltou a me fazer rir, por não ser mais que minha insana suposição de que eu poderia vir a te perder algum dia.
Não posso, e não vou. Você na minha vida, pra sempre, já tá escrito.
Foi a Lua que me disse, e eu não ouso duvidar.
Você vai continuar me ensinando a crescer. Você vai seguir me lapidando independentemente de ter ou não de ser assim. Porque o Destino existe sim, como um cardápio de caminhos a serem seguidos, mas não nos governa. Não é páreo pra gente, e nem pra nossa Força, que foi tantas vezes esquecida mas esteve sempre ali, de queixo erguido, do lado do Amor.

domingo, 20 de março de 2011

Trancada em mim

Eu não sei tudo que eu tinha que saber
Pra poder dizer que eu sei de tudo
Mas sou do tamanho da vontade de aprender
E dizer o que aprendi pra todo mundo

Naqueles dias que dá tudo errado
A chave pra minha cabeça não condiz com o cadeado
Naqueles dias que o céu tá nublado
A chave pra minha cabeça não condiz com o cadeado

E cada vez que perco a chave, eu enloqueço
E rascunho feito louca um novo começo
E assim, trancada em mim é como eu sigo
Pela estrada que eu desenhei procurando abrigo

Eu quero conseguir fazer uma canção capaz
De a mais inquieta criatura adormecer
Fazer meu espírito inquieto achar a paz
Me sonhar pra no real me acontecer

sábado, 19 de março de 2011

Querido diário.

Ai, inconstância maldita! Dá pra me deixar um pouco em paz?

Acho que cansei da vida real. Tenho saudade dos meus tempos de sonho, onde ansiava sentir dores com motivos concretos e felicidades palpáveis.
Eis-me aqui, em plena vida real, cansada dela. Desiludida. Quero voltar a sonhar o dia inteiro, quero voltar a ser capaz de me abster da realidade. Quero me sentir acompanhada mesmo quando sozinha e não me sentir sozinha em meio à multidão, como tem sido.

Tenho tristeza. Vontade de ficar sozinha. Vontade de por a culpa da minha tristeza em alguém mas... Quem? Alguém se habilita a me emprestar os ouvidos e passar umas horas me escutando a reclamar, reclamar, reclamar? Estou disposta a pagar, se for o caso.
Quanta bobagem... Nem eu mesma acredito que isso resolveria alguma coisa. Mais uma vez, é só o maldito tempo atravancando meu caminho para a felicidade.
Eu vou ficar mal até a tristeza acabar, e depois ficar bem de novo, receosa de voltar a tristeza, receosa como estive há um dia atrás, quando estava plena. Queria pular essa etapa e ir direto para a felicidade. Mas tá difícil, viu.

Não sou a princesa na torre do castelo. Nem Eric nem Peter Pan vão vir me buscar.
E se viessem, recusaria, confesso.

Estou trancada. Trancada por mim. Engaiolada. Como um pássaro. Asas pra quê, entre essas grades que me guardam? Pelo menos canto. De modo que essa é a única parte de mim que é livre pra fazer o que bem quiser.
Ah, minha voz... Que agora tem ânsia de gritar à plenos pulmões palavras sem sentido, urrar do topo de uma montanha e se jogar de lá, só pra ver quem a resgataria.
Minha voz que, como eu, se encontra presa. Lutando contra um nó que há na garganta pra ressoar, mas não consegue, de frágil que é.

Quero dormir, dormir, dormir, até a dor passar.

Sabe o que é o pior? Sei que se eu sair daqui e for ver um filme, ou ler um livro, ou escrever algo um pouco mais sadio vou me sentir melhor, na base da insistência.
Mas minha burrice parece ter preguiça de se sentir bem logo, e cede à porra da tristeza, com todas as suas dores chatinhas como aquela chuva que não sabe nem molhar direito.

À luz que me faz seguir.

Quando à noite, beijo a lua
Me sinto perto de Deus
Tenho minha mão na tua,
Tenho teus olhos nos meus


E acordo então, em meio ao breu
E vejo que foi mais um sonho
De mais ninguém, sonho só meu
E abraço a mim, triste e risonho


Sei que tudo está perfeito
Não há nada pra mudar
Invento uma poesia
Pois me inspira o luar


Eu não sei o que me passa
Tenho gana de chorar
Queria Deus me sussurrando
Uma cantiga de ninar

- Papai do céu, me põe no colo? - pediu a menininha olhando pra cima - Eu já vi como a lua tá bonita, mas ela só me fez sentir mais pequenininha ainda. Eu sei que no seu colo vou ser ainda mais pequenininha mas teu colo é tão bom... Me acalenta como ninguém desse mundo sabe fazer. Me põe no colo, Papai do céu? Assim eu não vou ter medo, não senhor. Do seu lado eu não vou ter medo de nada. Mas aqui embaixo eu tenho, e muito, muito medo de cair.

domingo, 6 de março de 2011

DOLOR.

Esta noche le pido a la luna,
Le pido al sol que vendrá,
Y le pido a todos los dioses
Que me hagan parar de llorar

Que ya no aguento más
No hay razones para lágrimas
Pero ellas siguen a caer
Y son água en exceso
Que yo no supe dónde poner

Les pido a todos
Sálvenme, sálvenme, por favor,
Sálvenme de mí.
Y sálvenme de pronto,
Que quiero tan luego
Volver a reír.